“Não julgueis para que não sejais julgados; porque com o juízo
com que julgardes sereis julgados, e com a medida que tiverdes medido vos hão
de medir a vós.”
-Jesus. (Mt., 7:1 e 2).
Não faz muito tempo Eurípedes Barsanulfo encontrou-se com
Jesus nos altiplanos celestes... O filho
de Sacramento observou que Ele chorava mansamente e Lhe perguntou o motivo
daquelas lágrimas doloridas. Seria por
causa dos Neros, Procustos, Hitleres e dos inúmeros ditadores impiedosos que
massacram povos inteiros? Levantando
os olhos, aljofrados pelo pranto incontido, deixando transparecer no rosto
sublime uma inefável e superlativa tristeza, o Meigo Pastor Celeste respondeu
suavemente, mas com indescritível angústia: “Choro por aqueles que conhecem o
meu Evangelho e não praticam os seus ensinamentos”.
Indubitavelmente o comportamento de muitas criaturas de
hoje, mormente daquelas que se acham luarizadas pela suave claridade do
“Consolador”, não condiz com as divinas instruções. Sempre o “homem-velho” comandando os atos
no proscênio terrestre! Sempre os fortes
atavismos ligando-nos ao passado tenebroso no qual nos comprazemos regando
esses vínculos com o licor da intemperança!
Paradoxalmente vemos e almejamos a luz, mas ainda
comprazemo-nos nas trevas, vinculados às idiossincrasias incrustadas em nossa
economia espiritual e amealhadas ao longo do carreiro evolutivo.
É verdade que subir a íngreme montanha da espiritualidade é
dever inscrito na consciência de todos, conquanto vergados ao peso da ganga da
materialidade. Porém, com esforço e
perseverança, lograremos o êxito nesse desiderato, bastando para isso
voltarmo-nos para o bem incessante sob a égide de Jesus e Seus sublimes
emissários.
“Espíritas amai-vos”, este o primeiro ensinamento. Não podemos conciliar este postulado com o
descaso a que muitas vezes relegamos o nosso relacionamento com o próximo. Mais grave ainda é sairmos da indiferença
para a falta de indulgência.
Jesus, em várias oportunidades lecionou a indulgência,
levando-nos a raciocinar mais acuradamente sobre tão magna questão. Vejamos alguns de Seus ensinos nesse passo: “Não
julgueis para não serdes julgados; Atire a primeira pedra aquele que estiver
sem pecado; Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia;
Vós sois o sal da Terra e, se o sal for insípido, com que se há de salgar?;
Resplandeça a vossa luz; Tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em
tirar o argueiro do olho do teu irmão; Não pode a árvore boa dar maus frutos;
Com a medida com que tiverdes medido...”
Traído, negado, vilipendiado, martirizado e sob o guante de
inenarráveis dores físicas e morais, Jesus, pulcro, impertérrito e sereno, usou
de indulgência, dizendo do alto do madeiro infamante: “Pai, perdoa-os porque
não sabem o que fazem”.
Quando, na oração dominical dizemos: “(...) perdoa-nos assim
como nós perdoamos...” está implícito o compromisso do uso constante da
indulgência. Estaríamos cumprindo
fielmente esse compromisso?!
Em “O Livro dos Espíritos” Santo Agostinho oferece-nos¹ oportuno
manual de instrução que convém compulsar com a máxima atenção.
Segundo instruções
dos Espíritos amigos, a sublimidade da essência dos ensinamentos cristãos é que
elege o direito pessoal como o direito do próximo, daí duas diretrizes básicas
indicar-nos-ão o rumo certo: 1 – Fazer aos outros o que queremos que nos façam;
2 – Pensar o que faria Jesus se estivesse em nosso lugar nas diversas situações
do cotidiano.
Assim, o nível de acertos aumentará e aos poucos iremos nos
despojando do azinhavre dos lamentáveis erros que ofuscam nossa luz
interior. Só assim conseguiremos as
claridades necessárias para iluminar as veredas pelas quais deveremos passar,
consoante nossas necessidades de resgate e ascensão.
Rogério Coelho
1 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de
Janeiro]: FEB, 2006, q. 919-a.
0 comentários:
Postar um comentário