quinta-feira, 18 de agosto de 2011

INDULGÊNCIA - Para se alcançar os altiplanos espirituais, é indispensável praticar o bem incessante


“Não julgueis para que não sejais julgados; porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida que tiverdes medido vos hão de medir a vós.”
-Jesus.  (Mt., 7:1 e 2).

Não faz muito tempo Eurípedes Barsanulfo encontrou-se com Jesus nos altiplanos celestes...  O filho de Sacramento observou que Ele chorava mansamente e Lhe perguntou o motivo daquelas lágrimas doloridas.  Seria por causa dos Neros, Procustos, Hitleres e dos inúmeros ditadores impiedosos que massacram povos inteiros?    Levantando os olhos, aljofrados pelo pranto incontido, deixando transparecer no rosto sublime uma inefável e superlativa tristeza, o Meigo Pastor Celeste respondeu suavemente, mas com indescritível angústia: “Choro por aqueles que conhecem o meu Evangelho e não praticam os seus ensinamentos”.
Indubitavelmente o comportamento de muitas criaturas de hoje, mormente daquelas que se acham luarizadas pela suave claridade do “Consolador”, não condiz com as divinas instruções.    Sempre o “homem-velho” comandando os atos no proscênio terrestre!  Sempre os fortes atavismos ligando-nos ao passado tenebroso no qual nos comprazemos regando esses vínculos com o licor da intemperança!   
Paradoxalmente vemos e almejamos a luz, mas ainda comprazemo-nos nas trevas, vinculados às idiossincrasias incrustadas em nossa economia espiritual e amealhadas ao longo do carreiro evolutivo.
É verdade que subir a íngreme montanha da espiritualidade é dever inscrito na consciência de todos, conquanto vergados ao peso da ganga da materialidade.   Porém, com esforço e perseverança, lograremos o êxito nesse desiderato, bastando para isso voltarmo-nos para o bem incessante sob a égide de Jesus e Seus sublimes emissários.
“Espíritas amai-vos”, este o primeiro ensinamento.   Não podemos conciliar este postulado com o descaso a que muitas vezes relegamos o nosso relacionamento com o próximo.   Mais grave ainda é sairmos da indiferença para a falta de indulgência.
Jesus, em várias oportunidades lecionou a indulgência, levando-nos a raciocinar mais acuradamente sobre tão magna questão.   Vejamos alguns de Seus ensinos nesse passo: “Não julgueis para não serdes julgados; Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado; Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia; Vós sois o sal da Terra e, se o sal for insípido, com que se há de salgar?; Resplandeça a vossa luz; Tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão; Não pode a árvore boa dar maus frutos; Com a medida com que tiverdes medido...”
Traído, negado, vilipendiado, martirizado e sob o guante de inenarráveis dores físicas e morais, Jesus, pulcro, impertérrito e sereno, usou de indulgência, dizendo do alto do madeiro infamante: “Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem”.
Quando, na oração dominical dizemos: “(...) perdoa-nos assim como nós perdoamos...” está implícito o compromisso do uso constante da indulgência.   Estaríamos cumprindo fielmente esse compromisso?!  
Em “O Livro dos Espíritos” Santo Agostinho oferece-nos¹ oportuno manual de instrução que convém compulsar com a máxima atenção.
  Segundo instruções dos Espíritos amigos, a sublimidade da essência dos ensinamentos cristãos é que elege o direito pessoal como o direito do próximo, daí duas diretrizes básicas indicar-nos-ão o rumo certo: 1 – Fazer aos outros o que queremos que nos façam; 2 – Pensar o que faria Jesus se estivesse em nosso lugar nas diversas situações do cotidiano.
Assim, o nível de acertos aumentará e aos poucos iremos nos despojando do azinhavre dos lamentáveis erros que ofuscam nossa luz interior.  Só assim conseguiremos as claridades necessárias para iluminar as veredas pelas quais deveremos passar, consoante nossas necessidades de resgate e ascensão.

Rogério Coelho 

1 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 919-a.                                              

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